segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Qual o tempo necessário para que a resignação surta efeito?

Iphone, holocausto e Zigmunt Baumann



Fiquei impressionada quando assisti a u
m documentário gravado na tomada dos aliados dos campos de concentração após o fim da segunda guerra, ele será restaurado e exibido até o início de 2015 mas o vídeo original já está disponível no Youtube.


Assistir a este documentário me deixou um questionamento. Como analizou Zigmunt Baumann em sua obra Holocausto, os alemães eram pessoas como nós, que tinham filhos, uma família, e mesmo após as atrocidades que cometiam nos campos de concentração chegavam em casa cansados, perguntando como foi a escola e elogiando a janta preparada pela esposa. Quando lhe perguntavam o porque mataram de forma tão cruel tantas pessoas, tinham como resposta que não sabiam muito bem, era o certo a se fazer no momento e que a culpa não era deles e sim do governo.



É de se pensar e analisar o que praticamos ainda em nosso dia a dia em nome do "eu não tenho nada a ver com isso", como diria o Capitão Nascimento: quem compra maconha está financiando o tráfico, e eu digo: 
comprar Iphone financia a escravidão, assim como a compra de diamantes (impossível saber a origem), passar reto por um mendigo incentiva a sentimento de diferença social, escorraçar um presidiário sem saber o motivo de seus atos como se nunca tivesse pecado na vida também, ou 'n' outras atitudes que tomamos no nosso dia a dia.


Em uma reportagem sobre heróis da segunda guerra que burlaram o sistema e salvaram milhares de judeus, dando a ele passaportes, etc, eu vi uma frase interessante dita por um deles  "Já não há nacionalidade, raça ou religião. Se há que desobedecer, prefiro que seja a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus" Aristides de Sousa Mendes. 
Não sou do tipo religiosa e não pretendo ressaltar essa frase por causa de Deus, mas tente trocar "Deus" nesta frase por "minha consciência".

Fico estarrecida com pequenas atitudes que tomamos considerando que não temos culpa nenhuma, então gostaria de deixar um pedido a quem se interessou em ler este texto até agora: não espere o julgamento dos homens, aprenda a fazer o que é certo pela sua consciência, todos temos responsabilidade SIM pela fome no nordeste, pelo tráfico de drogas em São Paulo ou escravidão na China. Não acha que vale a pena antes de qualquer ato perguntar em que lado fica o seu coração e a sua moral em cada atitude deferida? Todos fazemos parte deste mundo. Julgue a si mesmo.

Confira a reportagem sobre o documentário.